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A Ásia tem a metade da população mundial.
Tirando alguns países como Japão, Taiwan, Hong Kong, Cingapura
e Coréia do Sul, ela pertence ao terceiro mundo. Há muitas
pessoas pobres e a distância entre ricos e pobres está aumentando.
Ansiosos para alcançar as economias mais ricas, os países
asiáticos investiram em um desenvolvimento tecnológico sem
planejamento que levou à destruição do meio-ambiente.
As multinacionais são autorizadas a explorar os seus recursos humanos
e materiais. A mão-de-obra barata de mulheres e crianças
é utilizada para reduzir os custos de produção. A
chamada fuga de cérebros e o trabalho migrante estão esgotando
os seus recursos humanos. O turismo sexual envolvendo mulheres e crianças
é incentivado e tolerado como uma fonte de renda. O processo de
globalização econômica está concentrando o
poder político e econômico, apoiado pelo poder militar, na
América do Norte e na Europa, tornando a Ásia um grande
mercado aberto para as suas mercadorias e uma fonte de mão-de-obra
barata. A população está crescendo na maioria dos
países. A competição pelos limitados recursos disponíveis
está criando muitas tensões entre diferentes grupos de pessoas,
unidos em nome da religião, da etnia, da nacionalidade ou do idioma.
Há conflitos de baixa intensidade acontecendo agora em diversos
países. O quadro geral realmente é sombrio e o futuro parece
triste.
Mas há muitos sinais positivos de um despertar das pessoas que
possa contrapor esse quadro negativo. É por isso que podemos afirmar
com convicção que uma Ásia diferente é possível.
Quais são os fatores que nos levam a vislumbrar esse futuro melhor?
O fator mais importante é a grande riqueza da Ásia em recursos
humanos. Em termos da idade da população, a Ásia
é um continente muito jovem, comparada com as populações
em envelhecimento da Europa e América do Norte. Há um vasto
exército de jovens. Essas pessoas estão enraizadas e vêm
se sustentando em uma cultura asiática milenar, liderada pela China
e pela Índia. Essas culturas têm sido capazes de resistir
ao impacto das culturas européias durante o período colonial
e crescer através de uma interação criativa. Elas
também têm sido capazes de integrar a ciência e a tecnologia
modernas sem nenhum prejuízo dos seus valores básicos. A
secularização não é um problema na Ásia.
É comum se dizer que conhecimento é poder. Hoje conhecimento
é saber usar a mídia eletrônica. As pessoas se referem
a isso como tecnologia da informação. Os jovens asiáticos
são reconhecidos globalmente como tendo afinidade com essas formas
de tecnologia e conhecimento. Certamente eles terão um papel importante
no desenvolvimento do mundo futuro. A tecnologia da informação
transformará a vida das pessoas na Ásia. Pode ajuda-los
a pular alguns estágios do desenvolvimento industrial pelo qual
passou a Europa.
As pessoas também estão ficando politicamente mais atentas.
Em todos os países, grupos subjugados estão se conscientizando
dos seus direitos e os afirmando através de todo o tipo de movimentos
sociais e políticos. Apesar de ainda haverem governos violentos
em alguns países, ditaduras militares estão governando apenas
poucos países como Birmânia e Tibet. A democracia está
se afirmando devagar e sempre em muitos países. O poder do povo
se percebe em toda a parte. Nos últimos dez anos o povo Filipino
derrubou dois presidentes através do movimento popular. Os indonésios
derrubaram o seu presidente em uma revolução sangrenta.
O Timor Leste ganhou a sua independência. Similares reafirmações
da democracia têm acontecido em Taiwan e na Coréia do Sul.
A Índia permanece como a maior democracia em funcionamento no mundo
com mais de um bilhão de pessoas.
O que é impressionante é que a maioria dos países
asiáticos é multi-cultural e multi-religioso. Apesar de
todas as tensões eles têm sido bem sucedidos em viver unidos
e criar uma comunidade. Nas Filipinas, no Sri Lanka, na Índia,
na Birmânia e na Indonésia as negociações pela
paz têm substituído conflitos ativos e até violentos.
Essas negociações representam o reconhecimento de identidades
de = diferentes e a sua autonomia dentro de uma unidade política
federal. Dessa forma, grupos de pessoas podem participar nos processo
de tomada de decisão e determinar seu próprio futuro.
Também tem havido um despertar para a área da ecologia.
As pessoas estão mais sensíveis para o papel da Terra na
vida humana e cósmica. Os grupos pobres e tribais em áreas
de floresta se tornaram conscientes da crescente destruição
do meio-ambiente e têm resistido ativamente ao avanço da
tecnologia. Eles também têm protestado contra o despejo dos
povos e contra a destruição do seu habitat cultural. Houve
um caso famoso no norte da Índia em que mulheres abraçaram
árvores na floresta para evitar que elas fossem cortadas, mesmo
que alguns dos empregados para cortar as árvores fossem seus próprios
maridos. No sul da Índia as pessoas desenvolveram modos alternativos
de represar rios e utiliza-los para irrigação. Pescadores
têm se organizado em lutas contra barcos de arrasto mecanizado que
destroem a cultura de peixes no mar e privam os pescadores originais de
seu modo de vida. O povo da Filipinas tem conseguido parar a destruição
de florestas para serem substituídas por fazendas produzindo bens
para exportação. Esses movimentos dos povos têm sido
capazes de forçar governos a proteger os seus interesses no balanço
ecológico do universo.O que também é significativo
é que muitos desses movimentos não são violentos,
seguindo o exemplo de Mahatma Gandhi.
Os valores básicos do povo estão enraizados na religião.
A Ásia é o berço de todas as religiões mundiais:
Hinduismo, Confucionismo, Budismo, Cristianismo e Islamismo. Todas essas
religiões são renascidas e adquiriram um novo propósito
no contexto do impacto da modernidade. O secularismo é a conseqüência
de uma luta entre a Igreja e o Estado na Europa. Conflitos semelhantes
não existem na Ásia e portanto ela não é secularizada
como a Europa. Apesar de as religiões asiáticas parecerem
transcendentes, na verdade elas são muito focadas numa boa vida
aqui e agora. Sistemas de meditação como a Yoga e o Zen
buscam promover a paz e harmonia interior em meio a um mundo confuso.
Esses sistemas estão se tornando cada vez mais popular. Métodos
alternativos de cura promovem uma saúde completa. Os sistemas tradicionais
de da medicina na Índia e na China são baseados em ervas
e nas energias do próprio corpo. Práticas como acupressão
e acupuntura estimulam o corpo a curar a si mesmo. Da mesma maneira, o
fluxo de energia no corpo tem sido estudado experimentalmente. Essa energia
é canalizada para propósitos de cura por sistemas como o
Reiki e a cura Pranic. A concentração mental, a energia
psico-física e as ervas da natureza formam uma combinação
poderosa para a promoção de uma saúde completa.
Apesar de haverem certas correntes de fundamentalismo religioso e movimentos
que usam as religiões como forças políticas, as religiões
asiáticas são na sua maioria pacíficas e amorosas.
Mesmo o fundamentalismo religioso é uma reação à
opressão econômica, política e cultural pelos grupos
globalmente dominantes.
Na Ásia do futuro as mulheres terão autonomia. É
verdade que as culturas asiáticas oprimiram as mulheres de diversas
formas no passado. Mas em tempos recentes a necessidade econômica
colocou a mulher em praça pública a procura de empregos.
Isso tem dado a elas uma nova independência, confiança e
uma representação crescente na política. Na Índia,
por exemplo, há um movimento para garantir 33% da representação
parlamentar para as mulheres. Novas áreas como a Tecnologia da
Informação são acessíveis para as mulheres
por não exigirem força física bruta, mas sim inteligência.
Na verdade na Ásia tivemos mulheres primeiras-ministras no Paquistão,
na Índia e em Bangladesh. Há mulheres presidentes no Sri
Lanka e nas Filipinas.
Um dos motivos do atraso asiático hoje é a dominação
colonial nos séculos recentes. Sua nova independência certamente
confere a Ásia uma oportunidade. Uma Ásia alternativa é
possível porque a Ásia tem culturas que oferecem uma visão
do mundo e um sistema de valores alternativos à cultura Euro-Americana
dominante que é consumista e orientada para a competição,
prejudicial ao corpo e à terra. As culturas asiáticas são
favoráveis e integradas ao corpo e à natureza. Enquanto
culturas Euro-Americanas são individualistas, as culturas asiáticas
são comunitárias. Elas são sensíveis ao outro.
A inteligência emocional é parte do seu sistema e elas são
igualmente racionais também. A harmonia tem sido o seu objetivo.
Elas são enraizadas na religião. Os asiáticos estão
lentamente se tornando conscientes das riquezas que possuem. Se eles puderem
desenvolver seus recursos eles poderão atingir as necessidades
de todos igualmente. A juventude de sua população garante
que o futuro do mundo seja seu.
Como a recente guerra contra o Iraque tem demonstrado, o colonialismo,
político e econômico, ainda não acabou. Mas a arrogância
das forças colonialista será a sua destruição.
Essa é a oportunidade dos asiáticos para mostrarem ao mundo
que eles têm um modo de vida alternativo real.
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